30 Março 2023
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De 30 de março de 2023 até ao próximo 17 de setembro, o Museu Extremenho e Iberoamericano de Arte Contemporánea de Badajoz (MEIAC) apresenta a exposição Mundo de Aventuras do artista João Fonte Santa. A exposição, que esteve até 26 de fevereiro no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida em Évora (Portugal), faz parte do Projecto Campo Abierto/Campo Aberto, uma iniciativa conjunta das duas instituições com o objectivo de promover e divulgar a obra de artistas originários ou residentes em cada uma das regiões, Extremadura e Alentejo

Durante a inauguração, a Secretária Geral da Cultura da Junta da Extremadura, Miriam García Cabezas, destacou o trabalho cultural do Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo (MEIAC) bem como a dimensão transfronteiriça, raiana e iberoamericana desenvolvida ao logo do tempo

João Fonte Santa é um dos artistas mais representativos da sua geração. O seu trabalho aborda a incessante multiplicação de instâncias produtoras de imagens, as modalidades da sua circulação na cultura de massas e a legibilidade ideológica desses processos de criação e difusão. No seu trabalho, Fonte Santa apropria-se habitualmente de imagens — da banda desenhada aos jornais, da pintura à fotografia, da iconografia popular ao cinema — a partir das quais interroga sentidos, filiações, sensibilidades e identidades. 

As imagens e os seus modos de circulação integram as formações discursivas que produzem narrativas de poder e de saber. Por elas tanto se mitificam identidades como se caucionam relatos históricos ou se hegemonizam discursos. É talvez por isso que elas são o campo privilegiado de questionação e de desafio, análise, desconstrução ou mesmo insubmissão por parte de muitos artistas. E é seguramente por isso que estes gestos de apropriação, transformação, re-significação e leitura instalam o ato de criação num território onde se cruzam crise e crítica, ética e estética, arte e sociedade. 

Mundo de Aventuras, comissariada por José Alberto Ferreira, apresenta-se como um exercício de desmontagem de narrativas constituídas por imagens de dominação, no que Marie-José Mondzain caracteriza como «descolonização do imaginário». Num mundo fortemente dominado pela imagem e pela sua embaladora persuasão, o gesto de criação de (mais) imagens só pode recusar a lógica da acumulação e verter-se em analítica do imaginário, desafiando-nos a reler as narrativas que nos rodeiam à luz das suas e das nossas contradições.  É este o Mundo de Aventuras que lhe propomos.

 

JOÃO FONTE SANTA (Évora, 1965)

Estudou Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade Clássica de Lisboa. Começou por se dedicar à produção de banda-desenhada underground no contexto do surgimento de fanzines. Lentamente, contudo, o seu trabalho afirmar-se-ia no campo da pintura. Trabalhando a partir de um extenso fundo de imagens e referências de cultura pop, edificaria uma obra que tem tanto de visualmente atraente como de pertinente no modo como apresenta uma visão do mundo particularmente crítica.  

Expõe regularmente desde meados dos anos 90. Das suas exposições individuais, destacam-se: 

  • Frozen Yougurt Potlash, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;
  • O Aprendiz Preguiçoso, Festival Sonda, Atelier-Museu António Duarte, Caldas da Rainha;
  • Do Fotorrealismo à Abstração, Salão Olímpico, Porto.
  • Pintura Para Uma Nova Sociedade, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira;
  • TODOS OS DIAS A MESMA COISA – CARRO – TRABALHO – COMER – TRABALHO – CARRO – SOFÁ – TV – DORMIR – CARRO – TRABALHO – ATÉ QUANDO VAIS AGUENTAR? – UM EM CADA DEZ ENLOQUECE – UM EM CADA CINCO REBENTA!, Galeria VPF Cream Art, Lisboa;
  • O Colapso da Civilização, VPF Cream Art, Lisboa;
  • Bem-vindos à Cidade do Medo, MAAT, Lisboa

 

JOSÉ ALBERTO FERREIRA (Comissário)

Docente convidado da Universidade de Évora, onde leciona disciplinas da área da história e teoria do teatro. Tem colaboração dispersa em vários jornais e revistas, nacionais e internacionais.  Dirigiu e produziu o Festival Escrita na Paisagem (2004-2012), no âmbito do qual programou projetos e criações de artistas nacionais e internacionais na área do teatro e do transdisciplinar. Foi o curador português do projeto INTERsection: Intimacy and Spectacle, integrado na Quadrienal de Praga. Dirigiu e programa Ciclos de São Vicente, em Évora (2011-2017). É o Director Artístico do Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida desde 2018. 

Publicou, além de textos dispersos por catálogos e revistas, Uma Discreta invençam (2004), sobre Gil Vicente, Por dar-nos perdão (2006), sobre teatro medieval, Da vida das Marionetas, sobre os Bonecos de Santo Aleixo (2015). Editor e coeditor de vários títulos, de que destaca Escrita na paisagem (2005), Autos, passos e Bailinhos (2007), Tradução, Dramaturgia, Encenação  (2014), Perpectivas da investigação e(m) artes: articulações (2016), Teatro do Vestido. Um dicionário (2018). Colabora com várias organizações ministrando cursos e seminários.

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collage inauguración Mundo de Aventuras MEIAC